quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Peru e Rússia unidos pela revolução – Cine Volta ao Mundo

por Gustavo Paravizo


Dentro da temática cinema, o único assunto que de alguma forma aproxima o país sul-americano do europeu é a revolução. Essa semana, o Cine Volta ao Mundo foi buscar dois filmes que contextualizam momentos distintos, em países histórica e economicamente diferentes, mas que foram intimamente marcados pela barbárie e pelo medo.

Contexto histórico das revoluções
"¡Hasta la victoria, siempre!"
Tanto o Peru, entre as décadas de 1980 e 2000, quanto à Rússia, um pouco mais cedo, entre as décadas de 1910 e 1920, foram palco de mudanças drásticas ocasionadas por revoluções, que atingiram profundamente suas populações.

Como já foi dito, são revoluções muito diferentes: No Peru, estima-se que 60 mil pessoas perderam a vida na luta ocorrida entre um governo centralizador e autoritário, em confronto com a oposição, de caráter maoísta, liderada pela organização Sendero Luminoso (alguns sites comparam essa organização com as FARC).

Na Rússia, 22 milhões de pessoas morreram durante o processo de transição do czarismo para o socialismo. A miséria gerada pela hierarquia existente no Estado, potencializada pelos anseios camponeses por terra e a insatisfação da burguesia quanto à concorrência do capital estrangeiro, contribuíram para a organização e o desenvolvimento de idéias contestavam a máquina estatal.

A Teta Assustada
O filme peruano, produzido em 2009, possui um roteiro construído para ilustrar os anos posteriores ao período de conflito ocorrido no país e a maneira como o psicológico da população foi afetado pelas brutalidades.

Exemplo disso é o folclore existente a respeito das mulheres que sofreram estupro; para os peruanos, os indivíduos nascidos fruto desse tipo de violência absorvem todo tipo de doença a partir do leite materno e, além disso, não possuem alma. As crianças adquirem automaticamente o medo materno e vivem uma vida repleta de privações.

É exatamente isso que acontece com a protagonista Fausta (Magaly Solier). Fruto dessa realidade, ela mal consegue andar na rua, tem medo dos homens e até mesmo de si própria.
Em cima desses aspectos, a cineasta Claudia Llosa trabalha alguns traços de melancolia e certa sensibilidade, características que pouco tempo depois foram reconhecidas pelo cinema alemão, onde o filme recebeu o prêmio Urso de Ouro, em 2009. Além disso, a produção ainda foi indicada para o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010.

Almirante
É um filme do diretor russo Andrey Kravchuk que narra a história de Aleksandr Vasiliyevich Kolchak (Konstantin Khabenskiy), um almirante muito destacado em combates, que tornou-se um dos líderes do exército branco. Enquanto herói de guerra e pai de família, vai explicitar as mudanças ocorridas nos seus valores e vontades, em um período conturbado da história russa.
A riqueza do filme está na contextualização realizada em relação às tensões que envolveram a queda do czarismo, o espanto gerado pela instauração de um governo provisório e as reações extremadas originárias da ascensão ao poder por parte dos bolcheviques.

A mostra Cine Volta ao Mundo acaba nesta quinta-feira, mas você ainda pode conferir os filmes dessa postagem - A Teta Assustada, às 16h, e Almirante, às 18:30h.

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