Uma cinéfila em tempos de Grande Depressão sofre com os modos rudes do marido canastrão, perde o emprego por ser desastrada mas não desgruda do assento do cinema. Já conhecida pelo dono do estabelicmento, Cecília ( Mia Farrow) se encanta com um filme sobre ricos entediados que atacados por tédio súbito decidem visitar lugares "excêntricos e românticos" como o Cairo. É na viagem ao Cairo que os ricaços descobrem Tom Baxter(Jeff Daniels), um " explorador,poeta e aventureiro de Chicago", e resolvem levá-lo à Manhatam para um pouco de diversão. O filme era " A Rosa Púrpura do Cairo" e foi assistido pela mocinha sonhadora cinco vezes até o dia que Tom olha dentro dos olhos dela e diz que está apaixonado, saí da tela e vai conhecer o "mundo real". O elenco fica na tela questionando a saída de Tom e o destino do filme enquanto os espectadores,perplexos, exigem reembolso. O ator que deu vida a Baxter no filme, obviamente também interpretado por Jaff Daniels,se chama Gil Shepherd e aparece para convencer sua criação a voltar para as telas, mas conhece Cecília e forma com ela um dos mais bizarros triângulos amorosos da história do cinema.Não considero o marido da protagonista parte do triângulo pois eles já estavam em processo de separação e ela o descarta quando prefere sair com o poeta de chicago a fazer massagem nas costas do cônjuge.
O intrépido aventureiro vindo das telonas se mostra um doce e dedicado apaixonado, divertido com suas indagações sobre a realidade e o livre arbítrio e encontra em Gil um rival a altura.Apesar da postura altiva e egoísta do início, o ator iniciante tem um lado agradável e apaixonado,protagonizando uma cena típica das comédias românticas :um dueto musical no qual Mia toca ukulele e Jeff canta magnificamente.
Depois de encotrar e beijar Gim, Cecília vai ao encontro de Tom, que a transporta para o filme.Eles se divertem como a mocinha nunca imaginou que fosse possível até que Gim reaparece e a convence que é melhor que ela se case com ele para ter uma vida real, já que Baxter não passa de sua atuação atrevida que teimou em ganhar vida.Dividida e muito confusa a garota decide pelo mundo real. Woody Allen não faria um romance tão deslavado com direito a final feliz.É claro que o ator abandona a mocinha de malas feitas.Após briga definitiva com marido e súbita fuga de quem julgara ser seu verdadeiro amor, Cecília vai à estreia do novo filme de Fred Astaire e Ginger Rogers na úlitma cena.
Um filme sobre a Grande Depressão que não pretende mostrar o óbvio já merece meu respeito. Na verdade, Allen por si só já merece o meu respeito, afinal nunca escondi a minha predileção pelo cineasta norte-americano (espero que ainda com hífem). O tom leve e despretensioso não prejudica a reflexão possível sobre a liberdade de escolha dos humanos e também a multiplicidade de interpretação de uma mesma obra,manifestada no caso do filme na autonomia que os personagens conquistam. Muito mais do que uma quase-comédia romântica. De todos os filmes que já produziu, atuou, escreveu, A Rosa Púrpura é um dos favoritos de Allen, e devo confessar, meu também.
Adoro a suavidade desse filme. Desmente quem diz que os filmes do Woody Allen são todos iguais(como eu já disse há um tempo atrás). È o meu favorito também!
ResponderExcluir