quarta-feira, 18 de maio de 2011

Viva a nova era Digital

O debate sobre direitos autorais não é nenhuma novidade para nossa sociedade. Quem se interessa por cultura - livros, músicas, cinema, etc - provavelmente já se indagou a respeito de questões como a propriedade intelectual, relação entre editores e artistas, difusão de bens culturais, etc. Agora, com o desenvolvimento da web 2.0, tudo isso voltou à tona, com alguns ingredientes característicos da nova internet que influenciam o comportamento da sociedade, potencializada graças ao aprimoramento constante da tecnologia digital.

- Você troca seu
walkman de 19-e-lá-
vai-bolinha por um
iPod Classic novinho?
Para quem nasceu até a década de 1980 é muito mais fácil assimilar e difundir os conceitos dessa tão aclamada web 2.0. Pessoas que, nascidas já em tempos digitais, acostumaram-se a escutar músicas em dispositivos portáteis como o walkman, que não é digital, mas foi o pioneiro no quesito música onde e quando quiser, e o discman, que funcionava (ou funciona, para não deixar de fora algum entusiasta que ainda gosta de levar milhares de discos dentro da mochila para ir trocando de tempos em tempos) com CDs, estes, sim, um dos maiores representantes do que a tecnologia digital foi e é capaz de fazer. Vale ressaltar que as duas inovações musicais que são a base do que se tem hoje foram da mesma empresa, a Sony, atualmente um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.

Após o pontapé inicial de que precisava, o desenvolvimento de tecnologias digitais não parou mais de crescer. Para ainda ficar no exemplo da música, com o surgimento do MP3, desenvolvido ao longo das décadas de 1970-90, a transmissão de arquivos de música via internet ficou mais fácil, graças às peculiaridades de compressão que o formato tem. Não demorou muito para que, juntando o útil ao agradável, sistemas de compartilhamento surgissem para que os usuários pudessem trocar seus arquivos sem sair de casa. Isso se aplica também ao mercado cinematográfico, editorial, jornalístico e às grandes bolsas de valores espalhadas mundo afora - basta um clique para transferir seus milhões de um país a outro, assim como o mesmo clique pode definir se ficará mais ou menos rico (pois para investir na bolsa você, no mínimo, já tem uma boa grana!).

Tudo parece muito bom. O usuário se dá bem, consome os produtos em casa, no trabalho, no carro, sem incomodar ninguém, já que os fones de ouvido estão mais do que difundidos - para ser justo, já vieram praticamente incorporados aos novos suportes, uma vez que a individualização passou a ser uma das principais características desse novo tempo -, as opções de escolha são, à primeira vista, infinitas... Que mais poderia querer? Aqui entra o outro lado da moeda. Ainda não existe um sistema que seja tão bom para a grande indústria cultural e para os consumidores digitais - atualmente, o a balança dos benefícios tem pesado mais para o nosso lado, meros usuários e ávidos por ter as maiores novidades culturais em nossos computadores, tablets ou seja lá o que for. É verdade que boa parte desse desequilíbrio é culpa da própria indústria de bens culturais, pois não soube controlar os monstros que criou, já que boa parte das inovações partiu de grandes conglomerados de mídia e tecnologia. Os grupos que antigamente dominavam toda a produção e difusão desses bens estão, agora, sentindo a força que a internet tem.

Pensando nessas questões que hoje em dia são tão pertinentes para a sociedade - e, indo além, para uma sociedade baseada no consumo como pressuposto da existência -, o Cineclube Carcará decidiu realizar um evento que tratasse do tema de uma forma mais organizada, para além das reuniões dos membros. O que antes surgiu como uma ideia de um debate sobre direitos autorais com um ou dois professores da Universidade Federal de Viçosa tomou uma proporção maior e virou o Fórum de Cultura Digital, contando com a participação de cinco professores da UFV. É a oportunidade de se discutir, num espaço aberto à participação de todos, assuntos que hoje em dia parecem tão naturais pois já incorporados à nossa rotina diária, mas que tem diversas implicações econômicas, culturais, políticas e comportamentais.

Aproveite o I Fórum de Cultura Digital de Viçosa...

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