sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A pomposa estreia de Aki Kaurismäki no Cinema

por Rodrigo Castro

Aki Kaurismäki (bio em inglês no IMDb) decidiu adaptar o romance mais famoso de Fiódor Dostoiévski após ler um livro de François Trauffut sobre Alfred Hitchcock, em que o mestre do suspense afirmou que jamais ousaria adaptar a obra russa para o Cinema por considerá-la extremamente difícil. Imagine, então, o pensamento do diretor finlandês: "Bom, é o meu primeiro longa-metragem, então por que não começar com uma adaptação de um clássico do maior escritor russo de todos os tempo?". E então surgiu Riko ja Rangaistus - ou, em bom português, Crime e Castigo, o mesmo nome do livro de Dostoiévski -, filme de estreia do cineasta nascido em Helsinki, Finlândia, e que esnobou o Oscar por duas vezes - em 2003, disse que se sentia desconfortável em receber prêmios numa nação em estado de guerra, e em 2006 disse ao responsável finlandês pela indicação finlandesa que não entregaria os documentos necessários para a inscrição do filme na competição pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Kaurismäki já pensando no sucesso
de sua adaptação de Crime e
Castigo para o Cinema
A adaptação não é literal, o que significa que não é 100% fiel ao livro - o que é bom, já que o melhor mesmo é ler o livro, e não assistir um substituto do mesmo. A trama é a mesma: um jovem estudante assassina duas pessoas, e daí desenrola-se uma história deslumbrante criada por uma mente tão doentia (Dostoiévski era epiléptico e sofria graves crises de depressão) quanto criativa, apontada por Friedrich Nietzsche como "o único psicólogo com que tenho algo a aprender: ele pertence às inesperadas felicidades da minha vida [...]". Kaurismäki, em seu primeiro filme, esbanjou ousadia e competência, já que o resultado final foi aprovado tanto pela crítica quanto pelo público. Além disso, conseguiu um feito também muito difícil a quem se aventura em roteiros adaptados: contextualizar a obra - no caso de Crime e Castigo, de 1866 - ao tempo do filme - no caso de Riko ja Rangastaus, 1983. Não raro coisas terríveis surgem em diversos cantos do mundo na tentativa de "modernizar" romances antigos.
Selo de 1971 da an-
tiga URSS, em home-
nagem ao escritor
russo (retirado da
Wikipedia)

O filme Crime e Castigo será exibido às 17h no dia 9 de outubro, sábado, no Cine Carcará - porão do Centro de Vivência da UFV. Você pode encontrar uma boa crítica sobre o livro de Dostoiévski no site do Jornal Carta Forense e na Revista Bula. Sobre Dostoiévski, você pode ler página dedicada à biografia do autor na Wikipedia.

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